segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Eixo IV

Revisitar as interdisciplinas estudadas nos semestres anteriores, embora envolva bastante tempo desde a visita, a retomada de lembranças e aprendizagens à escrita da postagem, tem sido um exercício bem reflexivo e relativo ao tema do meu TCC.
Durante a visita do eixo IV de todas as interdisciplinas a que pretendo mencionar algo mais significativo que foi valioso durante o estágio, e também oportunizado por todas as interdisciplinas do curso diz respeito a Ciências Naturais que leva em consideração a realidade, o saber prévio que o aluno possui.
Existem certas coisas que tem uma força muito grande de ficarem registradas em nossas mentes, não só aprendizagens, mas lembranças e recordações boas que guardamos, às vezes de nossa infância, adolescência... E a primeira atividade desenvolvida na primeira aula presencial foi assim. Lembro-me que recebemos uma folha onde cheia de quadros com nomes que deveríamos representar como luz, átomo, pé, árvore, raio, estrelas. Algumas delas consegui representar com facilidade outras que não eram comuns no meu dia-a-dia tive dificuldade.
Essa proposta me fez perceber o quanto é importante considerar a realidade em que nossos alunos estão inseridos. Muito se fala, mas o que muito ocorre é a desconsideração deste fato em prol de si mesmo. É mais cômodo eu utilizar o material pronto que a “fulana” utilizou e dar aos alunos sem ter que modificá-lo ou analisar se a realidade daquela turma é a mesma da turma em questão.
Da mesma forma como eu senti dificuldades em representar algo que não era comum a mim, os alunos também sentem. Oportunizar espaços onde eles possam conhecer é muito importante, mas tem que haver a preocupação em adequar a situação as necessidades que possuem. Muitos escritores sobre educação falam sobre isso, mas em especial Freire (1996), que está sendo por hora meu principal instrumento de estudo, demonstra isso em seu livro Pedagogia da Autonomia através da seguinte frase: “Por isso mesmo pensar certo coloca ao professor ou, mais amplamente, a escola, o dever de não só respeitar os saberes com que os educandos, sobretudo os da classes populares, chegam a ela – saberes socialmente construídos na prática comunitária – mas também, como há mais de trinta anos venho sugerindo, discutir com os alunos a razão de ser de alguns desses saberes em relação com o ensino dos conteúdos.” (pág.15)

Um comentário:

Rosângela disse...

Oi Edinara,

Tua postagem destacou de maneira bem concreta o que significa levar em consideração a realidade do aluno. Fizeste isso a partir de uma experiência particular (interdisciplina de Ciências Naturais) e de uma referência teórica (Freire).

Paulo Freire trata muito bem dessa questão, pois valoriza o saber construído pelos grupos, na comunidade como um saber legítimo. Infelizmente, na escola, o saber científico, apresentado nos livros e tão distante da vivência dos alunos, é o mais valorizado e tomado como certo, correto. Essa atitude desvaloriza saberes populares das camadas mais pobres da população, o que acaba por excluir muitos alunos ou provocar a evação e a repetência.

Beijos, Rô Leffa.